O horizonte último

O horizonte último não é a morte,
mas a necessidade última
a necessidade derradeira,
de intimamente
ouvir
«eu amei-te»
«eu respeitei-te»
«eu ouvi-te»
de alguém que se coloca nesse central ponto de fuga

A morte aparece
como um marco
no qual percebemos
no qual circulamos
aonde andamos

e a partir desse ponto
a súbita realização de que nunca mais poderemos
ouvir dessa pessoa
aquilo que queríamos ouvir

que


«eu amo-te»
«eu respeito-te»
«eu ouço-te»